terça-feira, novembro 22, 2005

O FIM



O Porto de Partida chegou ao fim! A minha falta de tempo matou-o!
As vossas visitas mantiveram-no "ligado à máquina" mais tempo do que era suposto!
Qualquer dia renascerá, nesta ou noutra forma qualquer!
Até lá!

quinta-feira, outubro 06, 2005

O Abismo

Parou, depois do primeiro passo fora do portão. O corpo tremia-lhe e a alma escondia-se num qualquer recanto da imaginação. Tinha sonhado aquele dia vezes sem conta, e contudo, agora que o estava a viver apeteceu-lhe voltar aos sonhos. Aí tudo corria bem, não existiam obstáculos nem tão pouco essa besta chamada realidade.
Durante vinte anos, tinha construído o seu pequeno império. Era rei e senhor, toda a gente o respeitava e lhe obedecia. É certo que nos últimos tempos a nova população era completamente diferente da antiga e o respeito tinha uma base coerciva. A única falha no seu poder era não ter decisão sobre quem entrava no seu território. Assim, via-se obrigado a domesticar quem punha os pés nos seus dominios. E a verdade era que estava a ficar velho e já muito cansado, para continuar a lutar pelo lugar cimeiro. Mas até hoje, o último dia, esse lugar tinha sido seu, e os poucos que o tentaram usurpar sofreram as consequências.
Agora, ali, um passo depois do portão, os movimentos tolheram-se e os olhos vaguearam rumo ao passado. O estômago entrou em diálogo com o cérebro e ambos começaram a resmungar reciprocamente. A acidez fez-se sentir na boca, tendo sido reabsorvida com um gole extra de saliva. À vontade de dar o segundo passo para longe do portão contrapunha-se a sensação de que esse próximo passo o iria conduzir ao abismo.
Foi com a indecisão, com o receio do porvir, com a insensatez dos audazes a toldarem-lhe os movimentos que deu o segundo passo para longe do portão, para longe da sua casa de vinte anos. Ao terceiro passo já tinha deixado tudo para trás, os últimos vinte anos, os companheiros, os guardas, as grades, os muros!
Se o que o esperava era o abismo, então iria até ele sem remorsos e com estilo!

segunda-feira, outubro 03, 2005

Intermitência

Aos fiéis que têm visitado ultimamente este blog peço desculpa pelo abandono do mesmo. Tal ficou, e fica, a dever-se ao excesso de trabalho.
Contudo, prometo que em breve, se possível esta semana, colocarei no ponto de partida deste porto algo a navegar.
Até lá.

segunda-feira, setembro 19, 2005

Quase morto no deserto...

Pois é, adaptando livremente uma letra do Sérgio Godinho: "Estava quase morto no deserto/ e Viana do Castelo aqui tão perto..."
Passei este fim-de-semana num hotel simplesmente espectacular, que podem ver aqui (link).
Fascinante o hotel "Flor de Sal", com o seu Spa e as vistas esplendorosas. Quando quiserem fugir, está aqui a 70 Km do Porto, e no entanto ficamos tão longe de tudo!
Quanto à cidade, está a ficar muito agradável. O centro histórico está muito bem recuperado, embora ainda existam bastantes obras em curso (ainda por cima estamos em vésperas de autárquicas e sabemos como isso potencia as obras de última hora). Só tem um problema esta cidade: o estacionamento, que só existe em parques próprios, às vezes um pouco longe do local onde se pretende ir. Mas enfim, não deixa de ser apenas um pormenor.

segunda-feira, setembro 12, 2005

Flute

A luz era fosca como em todos os bares. As colunas debitavam um “hip hop” agressivo, da nova vaga, que contrastava com o ambiente de cabaret dos anos setenta, que a decoração gasta emprestava ao local. O ar era denso, e um nevoeiro de fumo de tabaco tornava as formas levemente distorcidas, enquanto as silhuetas humanas assumiam contornos feéricos. Tanto podia estar a entrar num lupanar, como num bosque encantado – pensou – de onde, no meio do nevoeiro, lhe saltaria a qualquer instante uma fada, um duende ou um gnomo.
-Olá! Pagas-me uma bebida?
Certamente, encontrava-se na floresta, pois a voz, doce e serena, pertenceria sem dúvida a uma deusa do destino. Virou-se, na direcção da pergunta, e sorriu de si mesmo. A fada à sua frente, media pouco mais de um metro e sessenta, pesava uns cinquenta e muitos quilos, e pesavam-lhe também as agruras por que certamente tinha passado, e que lhe formatavam um olhar agro, que contrastava com o sorriso estudado e cativante. A voz e o sorriso, pareciam que tinham sido implantadas num conjunto díspar. Eram a bela, enquanto todo o resto era o monstro. Ao corpo de mulher parideira, de anca larga, onde a celulite se conseguia adivinhar por baixo de uma mini-saia demasiado justa, juntavam-se-lhe quatro membros que sugeriam que o autor de tal escultura não tinha a noção da proporção. Os braços demasiado curtos e flácidos, as pernas incompreensivelmente longas tendo em conta a altura do tronco.
-Tenho sede, posso pedir champanhe para os dois? – insistiu a dona da voz maviosa e do corpo disforme.
No seu rosto pairava o sorriso estudado, nos olhos a vontade de não deixar escapar a presa, e como qualquer predador usava as armas de que dispunha: a voz e o sorriso.
A presa, por sua vez voltou ao bosque, e se lhe perguntassem era capaz de jurar que a flute na mão dela era uma varinha de condão!

quarta-feira, agosto 31, 2005

Coisas boas

Coisas boas das férias, por ordem perfeitamente aleatória:
  • Odeceixe;
  • Casas do Côro (Marialva - Mêda), podem ver aqui;
  • "Charlie e a fábrica do Chocolate" - simplesmente imperdível;
  • "Hitchhiker`s Guide to the Galaxy" - uma agradável surpresa;
  • o dolce far niente;
  • "Timbuktu" de Paul Auster;
  • a ausência quase completa de televisão;
  • as visitas gastronómicas ao "Sacas" na Zambujeira do Mar e ao "Área Benta" em Trancoso, esta última fabulosa;
  • O Porto a ganhar e o Benfica a perder;
  • o não fazer contas à vida (em férias nunca as faço)...

sexta-feira, agosto 12, 2005

Férias

Dois dias com a net avariada! Grrr!
E agora vou mergulhar na silly season!
Vou de férias!
Volto um dia destes!
Até já!