segunda-feira, agosto 08, 2005

Mar

Pousou a toalha e olhou o mar. As ondas pequenas, constantes, depositavam suavemente um risco de espuma na areia. Corria uma aura refrescante, fazendo com que o seu cabelo longo dançasse ao ritmo da maré. O Sol, já de fim de tarde, acariciava-lha a pele lívida. Despiu-se, caminhou calmamente em direcção ao mar, estancou junto à espuma, retomou lentamente a marcha, estremeceu quando este a abraçou. Deixou-se envolver totalmente por ele. Deixou-se levar nos seus braços, ser acariciada em cada recanto do seu corpo, ser beijada pela sua boca húmida, imensa. Levitou, desceu, subiu, tornou-se una, alcançou um enlevo nunca sentido. Fez durar o momento até ao limite do impossível, e saiu contrariada, com o Sol quase escondido. Limpou-se, vestiu-se, e saiu, caminhando serenamente, enquanto a areia se lhe agarrava aos pés como implorando que não fosse já.
No rosto um sorriso indisfarçavel. Na alma uma nova dimensão descoberta, que quebrava o istmo que a ligava ao corpo.
Afinal, o mar era muito mais do que lhe tinham dito.

2 Comments:

Blogger Maria Heli said...

Muito mais, Duarte! Muito mais!

Há certos blogs que terei de passar a visitar com um dicionário de sinónimos de baixo do braço!
Para não estar a dizer sempre o mesmo: gostei; está lindo; está fantástico!
Voltou a falar comigo, este seu post.
abraço

11:43 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Há momentos que nos fazem tão bem que os procuramos fazer durar!
É bem verdade, Duarte.
Sandra Sarabando

5:15 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home